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04 janeiro 2015

Anpu e Bata



INTRODUÇÃO DA HISTÓRIA DE ANPU E BATA1 por Idries Shah


O conto de Anpu e Bata, encontrado em um antigo papiro egípcio, tem mais de três mil anos e é considerada a mais antiga história que chegou até nós na forma escrita. Talvez, mesmo naquele tempo, ela já pertencesse a uma tradição antiga. Uma das coisas mais interessantes nessa história é que elementos encontrados em contos de todo o mundo estão contidos nela. A primeira parte tem um paralelo com a história bíblica de José e a esposa de Potifar. O núcleo da história – símbolo-vida indicando morte e a ‘alma-separável’ – aparece em mais de oitocentas versões somente na Europa, e é improvável que os contadores saibam que são parte de uma linha de transmissão que começou na Décima Nona Dinastia do Egito Faraônico.

A história algumas vezes se confunde em parte ou em sua totalidade com o mito de Perseu e Andrômeda, associada às proezas de um matador de dragões, a qual é encontrada em quase todos os países do mundo.
O antigo papiro corroído pelo tempo, hoje no Museu Britânico, contém uma mensagem do escriba original, uma ameaça a quem possa ser descomedido com ele, similar aquelas encontradas em manuscritos Orientais mesmo nos dias atuais:

“Excelentemente terminado em paz para o Ka do escriba da Tesouraria de Kagabu, da Tesouraria do Faraó. E para o Escriba Hora e o Escriba Meramapt. Escrito pelo Escriba Anena, proprietário desse manuscrito. Que Tahui possa castigar aquele que difamar esse manuscrito!”

Era costume dos reis do Oriente, quando satisfeitos com uma história que lhe fora contada, ordenar que fosse escrita e guardada junto ao tesouro.


1 História traduzida do Livro “WORLD TALES – The extraordinary coincidence of stories told in all time, in all places” Collected by Idries Shah.
2 Enviada por Elisete Ternes Pereira


 Anpu e Bata



Era uma vez dois irmãos que viviam no Egito, eles amavam muito um ao outro. O irmão mais velho tinha uma jovem e bela esposa e um bom par de bois para arar os campos. Seu nome era Anpu e o nome do irmão mais novo era Bata. Esse jovem tudo fazia por seu irmão mais velho, seguia-o e aos bois para o campo, esperava por ele como um servo, colhia o milho, cuidava dos animais. Ele trabalhava para o irmão dia e noite, pois a seus olhos, não havia outro como ele em toda a terra do Egito.

Um dia, quando o tempo da semeadura começava, o irmão mais velho disse a Bata, “Traga as sementes para o campo amanhã bem cedo, pois temos que começar a plantar; as cheias do Nilo já recuaram da terra e o dia é propício.” Anpu já havia partido para o campo e Bata devia levar as sementes. Então, Bata foi até a porta da casa de seu irmão e disse a sua bela e jovem cunhada,
“Alcance-me o milho do barril, pois meu irmão e eu precisarmos dele hoje.” A mulher respondeu, “Entre e pegue-o você mesmo, pois estou ocupada fazendo meu cabelo e não posso largar os grampos e fitas para pegar o milho.” Então ele entrou e pegou tanto milho quanto podia carregar, pois queria plantar aproveitando bem o dia, que era propício.

Vendo Bata carregando tal carga, a mulher de seu irmão lhe disse, “Você é forte e bonito, realmente. Eu não tinha notado antes quão atraente você é. Fique comigo um pouco antes de ir para os campos, pois vocês passarão todo o dia fora e eu me sentirei sozinha. Dê-me algo para recordar quando eu estiver só.”

Bata recuou ao ouvir as palavras da mulher e sua face escureceu de raiva. Ele disse, “Você é como uma mãe para mim; você não é a esposa de meu respeitável irmão? Vou esquecer o que você me disse. Esqueça isso você também.” Ele partiu para os campos tentando apagar da mente as sugestões dela, pois ela era a mulher de seu irmão, a qual, embora bela, parecia-lhe agora maldosa aos seus olhos.

Trabalharam nos campos o dia inteiro e retornaram à casa ao entardecer. Esperavam encontrar a comida pronta, como de costume, mas na casa não havia fogo, ou luz, nem cheiro de comida. Bata foi para o estábulo cuidar dos animais e Anpu foi para casa ver o que estava errado com sua esposa. Ela estava na cama, encolhida sob a coberta chorando como se sentisse dor.

“O que há com você?” ele perguntou, “Alguém esteve aqui na minha ausência para perturbar você dessa forma?”

“O único que veio aqui em sua ausência foi seu desgraçado irmão!” ela gritou, “Pergunte a ele o que há de errado comigo!”

“Mas, o que você está dizendo? Ele pôs as mãos em você?” gritou o marido enraivecido.

“Sim,” disse ela, “Eu estava fazendo meu cabelo quando ele entrou para buscar as sementes e disse ‘Fique um pouco comigo antes que eu vá para o campo e meu irmão jamais saberá’ e ele me violentou. Oh, meu marido, não posso olhar para você tamanha a vergonha que sinto!” Então, Anpu afiou sua faca e se colocou em frente ao estábulo, pronto para matar seu irmão tão logo ele viesse juntar-se a eles para jantar.

Totalmente desinformado, o irmão mais novo continuava a fazer suas tarefasno estábulo, quando sua vaca favorita lhe falou:
“Cuidado, Bata, seu irmão afiou a faca e te espera atrás da porta para matá-lo. Corra, não volte à casa ou você morrerá.”
O jovem moço espiou para fora do estábulo e viu seu irmão estranhamente parado, com uma faca na mão. Temendo não ser capaz de explicar a verdadeira situação a seu irmão, fez um buraco na parede de barro do celeiro e fugiu tão rápido quanto seus pés o podiam carregar. Mas o irmão mais velho o ouviu correr e foi atrás dele. A luz do assassino estava em seus olhos.

Então, tomado pelo medo, Bata gritou aos céus: “Ó Grande Ra Harakiti, Senhor Poderoso, Sois aquele que divide o Mal do Bem! Salve me!” e Ra atendeu à sua prece.

Um rio poderoso surgiu entre os irmãos, um rio que Anpu não poderia atravessar mesmo que tivesse um barco, pois estava coalhado de crocodilos. O irmão mais velho estava furioso por não poder alcançar Bata e matá-lo, e o amaldiçoou da outra margem.

Mas Bata lhe falou em alta voz dizendo: “Ó, meu irmão, não me julgues mal. Não posso provar que não cometi erro algum, mas minha vaca me alertou e fugi de você com medo. Por que você decidiu matar-me antes de perguntar se fiz a maldade que você julga que fiz?”

Seu irmão respondeu: “Diga-me, então, você mesmo o que de fato ocorreu?” Bata respondeu, “Fui ao barril pegar as sementes eu mesmo, pois sua esposa estava fazendo o cabelo e disse-me que não desejava deixar a toalete para atender-me. Então, depois de pegar as sementes eu mesmo, ela disse que eu parecia forte e bonito, e tentou-me a ficar um pouco com ela dizendo que você não ficaria sabendo. Vê como a verdade mudou.”

“Você jura por Ra Harakiti que o que contou é verdade?” Gritou o irmão mais velho. “Por Ra Harakiti eu juro que é verdade,” disse o irmão mais novo, e tirou sua faca, e cortou um pedaço de sua carne, e atirou-o na água, e os crocodilos o comeram. Então o irmão mais velho satisfez-se e chorou por Bata e amaldiçoou sua esposa. Ele sabia que não poderia alcançar seu irmão por causa dos crocodilos, quedou-se lá e guardou sua faca.

“Agora sabemos que você fez algo mal tentando matar-me; você poderia fazer algo bom por mim?” disse Bata. Anpu disse que faria e então seu irmão lhe disse, “Estou partindo para o vale da acácia. Volte para sua casa e cuide de seu gado. O que você pode fazer por mim é isso; minha alma será removida e colocada na flor da acácia. Quando a acácia for cortada, e será, ponha a flor num copo de água fria, pois minha alma estará nela. Quando alguém lhe der um copo de cerveja na mão e ela estiver se agitando no vidro, então não se demore, vá em busca da flor, mesmo que tiver que buscá-la por sete anos, e coloque-a na água. Adeus.”

O jovem, então, parou de falar essas coisas estranhas e partiu para o vale da acácia. Seu irmão voltou-se e caminhou de volta à casa, ele estava com raiva de sua esposa e matou-a no calor de sua ira. Então, jogou fora sua faca e cuidou dos campos e do gado ele mesmo, sofrendo por seu irmão.

Muito tempo depois, o irmão mais novo estava vivendo no vale da acácia. Ele havia removido sua alma que agora vivia na flor mais alta da árvore de acácia. Ele havia construído para si próprio uma pequena casa onde vivia e que estava repleta de boas coisas.

Um dia, caminhando pelo vale, ele encontrou os Nove Deuses, que estavam indo inspecionar toda a terra do Egito. Os deuses conversavam entre si quando surgiu Bata no caminho e eles lhe falaram, “Ó Bata, Touro dos Nove Deuses, por que você caminha sozinho? Seu irmão matou a esposa e tudo está bem entre vocês. A transgressão dele está perdoada.”

Então, enquanto Bata se ajoelhava diante deles, Ra Harakhiti disse para Khnumu, “Faça uma mulher para Bata para que ele não viva só para sempre, uma companheira para sua solidão.” Khnumu fez uma esposa para ele. Ela era mais bela do que qualquer outra mulher já havia sido antes. Os sete Hathors vieram vê-la quando foi criada e eles exclamaram num acorde: “Ela morrerá uma morte chocante, embora a essência de todos os deuses esteja nela!”

Bata caçava o dia todo, voltava ao entardecer e depositava tudo que havia conseguido aos pés de sua esposa, pois ele a amava muito. Um dia ele lhe disse “Ouça, preciso alertá-la, jamais chegue muito perto do mar, pois se ele quiser capturar você e levá-la para longe eu não poderei salvá-la, pois minha alma está na flor no alto da acácia e não tenho outro poder além daquele na flor.”

Quando ela ouviu seu segredo sorriu e pensou muito sobre o assunto. No dia seguinte ela foi passear na beira do mar e o mar a viu, e começou a lançar suas altas ondas na direção dela. Ela correu assustada com a paixão do mar, afastando-se dele. Ela entrou em sua casa e o mar chamou a acácia dizendo: “Quero possuir aquela mulher, queria poder levá-la!” Então a acácia levou uma mecha do cabelo que a mulher havia cortado quando estava sentada debaixo da árvore e jogou-o na água. O mar levou a mecha para onde estavam os lavadeiros do Faraó.

Um dos lavadeiros, que estava em pé sobre a areia, pegou a mecha de cabelo. Ela tinha um perfume tão inebriante que ele quase perdeu os sentidos. Ele colocou a mecha entre as roupas que estavam sendo levadas para o Faraó e quando o Faraó sentiu aquele perfume sentiu-se extasiado. “De onde veio essa fragrância rara e maravilhosa?” exclamou o Faraó. “Tragam os sábios para que eles também possam senti-la e me contar.”

Vieram os homens sábios, com seus sinais e portentos, e disseram ao Faraó, “A fragrância é proveniente da mecha de cabelo da filha de Ra Harakhiti, a essência de todos os deuses se encontra nela. Envie mensageiros para o litoral e no vale da acácia ela será encontrada.”

Então o Faraó enviou muitos homens para o vale da acácia e eles tentaram capturar a esposa de Bata, mas ele matou a todos. Nenhum dos homens retornou ao Faraó e este, então, enviou mais homens, desta vez uma cavalaria de fortes soldados, para capturá-la.

Bata teve que deixá-la ir, mas eles não o mataram. Ele ficou só sob a acácia sentindo-se muito angustiado. De alguma forma, ele tentou enviar uma mensagem mental a seu irmão, para lembrá-lo do que havia lhe dito da outra margem do rio de crocodilos na última vez que se viram.

A bela mulher agradou o Faraó imensamente e ele lhe deu tudo o que estava em seu alcance. “Faraó,” disse ela, depois de ter sido presenteada com ouro, joias e os mais raros anéis, “Mande cortar a acácia, pois a alma de meu marido se encontra na sua flor mais alta e eu gostaria que ele estivesse morto.” Então os homens foram e cortaram a árvore do vale, tal que sua flor mais alta, onde se encontrava a alma de Bata, caiu sobre o solo e ele também, caiu morto.

Naquele exato momento alguém entregou a Anpu, o irmão mais velho, um copo de cerveja e o líquido começou a agitar-se quando ele estava prestes a bebê-lo. Ele, então, lembrou-se do que seu irmão lhe havia dito há tanto tempo. Ele pegou seu cajado e suas sandálias, suas roupas de viagem e partiu. Viajou todo o dia e toda a noite e chegou ao vale da acácia. Viu então que a árvore havia
sido cortada e viu o corpo morto de seu irmão. Chorou amargamente e buscou em todos os lugares a flor que continha a alma de seu irmão, mas não consegui encontrá-la. Deitou-se sob a árvore para dormir e disse para si mesmo – “Amanhã, e amanhã, e amanhã eu a buscarei, pois usarei todos os dias de minha vida, se necessário, para encontrar a flor.”

No dia seguinte ele não a encontrou, mas descobriu, num sulco do solo, uma semente. Ele mergulhou a semente num copo d’água e ela brotou. Logo tornou-se a flor que continha a alma de seu irmão. Poucos minutos depois, o corpo de Bata estremeceu sob o pano que lhe cobria e em seguida ele estava em pé, bem e forte diante de Anpu. Eles se abraçaram cheios de alegria, sentaram-se e conversaram juntos por muitas horas.

Então Bata disse a seu irmão, “Pelo favor dos deuses, estou para me tornar um grande touro e você deve montar-me. Quando o sol tiver se levantado três vezes deverei estar no lugar onde minha esposa faz o Faraó de tolo. E, quando eu estiver diante do Faraó, você será levado a ele e ele lhe dará ouro e prata, e outras boas coisas em retorno. Serei considerado por todos uma grande maravilha e você retornará à sua antiga vila como um homem rico.” Em seguida, diante dos olhos de Anpu, ele se transformou em um grande touro, e dentro de três dias eles estavam na presença do Faraó.

O Faraó jamais havia visto tão bela criatura em todos os seus domínios do Alto e Baixo Nilo e então, deu muitos presentes ao irmão mais velho e levou Bata em sua forma de touro para os estábulos reais, onde devia ser tratado em grande estilo. O touro gigante era tão manso que frequentemente era enfeitado com guirlandas de flores pelas damas reais. Um dia, quando sua esposa, agora uma Princesa por ordem do Faraó, aproximou-se dele, o touro lhe falou com sua voz humana, “Estou vivo; os deuses em suas sabedorias, fizeram-me habitar esse corpo maravilhoso de touro.”

Ela estava muito atemorizada e ponderou sobre como poderia livrar-se do marido uma vez mais. Então foi ao Faraó e disse, “Meu senhor, jamais serei feliz enquanto não tiver como remédio o fígado daquela criatura, a qual, estou certa, não serve para mais nada além de ser comida!” Imediatamente o Faraó ordenou que o animal fosse abatido e disse, “Que o fígado seja dado à Princesa, para que ela logo se recupere e fique bem novamente."

Planejou-se uma enorme festa e o touro foi sacrificado aos deuses. Quando estava sendo abatido o touro sacudiu-se e projetou duas gotas de sangue dos ferimentos em seus ombros nas paredes do palácio real. O sangue escorreu em cada lado da porta gigantesca e nos lugares onde o sangue molhou o chão nasceram duas árvores de Persea. Elas cresceram e cresceram, cada dia mais altas e eram ambas perfeitas em todos os sentidos.

Um cortesão foi falar ao Faraó, “Duas árvores gigantes estão crescendo, uma em cada lado da porta grande do palácio; são sinais propícios, ó Faraó!” E houve muito júbilo pelo surgimento dessas árvores. Muitas pessoas levavam oferendas a elas, por terem tido um crescimento miraculoso a partir do sangue do touro. As damas da corte colocavam guirlandas de flores em torno das árvores e oravam para elas.

Quando sua esposa veio, Bata falou-lhe em sua própria voz, a qual ela tão bem conhecia, “Mulher traiçoeira, eu sou Bata, a quem você traiu três vezes. Primeiro foi ao Faraó; depois fez com que cortassem minha árvore-alma e depois pediu pela morte do boi. Agora estou na força dessas árvores, jamais morrerei!”

Então a princesa foi ver o Faraó e lhe disse “Já que você me ama, poderia me fazer um pequeno favor? Não gosto da visão grotesca daquelas duas árvores de Persea, uma em cada lado da grande porta do palácio. Você poderia, por favor, ordenar sejam cortadas, pois elas crescem mais feias a cada dia e um dia irão derrubar o palácio; disso estou certa!”

O Faraó, embriagado de amor por ela, consentiu, e no dia seguinte lenhadores puseram-se a cortar as belas árvores de Persea com muito vigor necessário. A Princesa assistia em pé de não muito longe a essa atividade, com júbilo no coração, quando uma pequena farpa voou para sua boca. Ela ficou tão
espantada que a engoliu. Naquele momento as árvores foram ao chão, no lado de fora dos portões do Palácio.

Depois de nove meses a Princesa deu à luz a um filho e todos no país se regozijaram, pois o Faraó pensava que o filho era seu. Com o passar dos meses o amor do Faraó pelo filho aumentava e ele o criou para que se tornasse o filho real de Kush, herdeiro de todas as terras do Alto e Baixo Nilo. Não muito depois o Faraó morreu. Então, o Príncipe, herdeiro das terras, disse: “Que venham a mim todos os nobres, pois quero contar-lhes tudo que me aconteceu.”

Eles vieram e ele contou-lhes tudo. Seu irmão mais velho foi trazido da vila e foi nomeado ministro da corte. Então trouxeram sua esposa, ela foi julgada e recebeu sua punição. Ele foi rei do Egito por trinta anos e tanto encantou seu povo que seu irmão foi levado ao trono depois de sua morte.

25 dezembro 2009

A Situação

"A humanidade está adormecida, preocupada apenas com o inútil, vivendo num mundo errado. Acreditar que podemos excelir nisso é apenas hábito e uso, não é religião. Essa religião é inepta....
Não fique tagarelando diante do Povo do Caminho; antes consuma-se. Você terá um conhecimento e uma religião invertidos se estiver de cabeça para baixo em relação a Realidade.
O homem enrola a rede em torno de si mesmo. Um Leão (um homem do Caminho) despedaça a jaula."

Mestre sufi Sanai, do Afeganistão, professor de Rumi, em O jardim murado da verdade, escrito em 1131 d.C.