31 março 2014

O Jantar do Mágico

Era uma vez um mágico que tinha construído sua casa perto de um próspero vilarejo.

Um dia ele convida toda a população para jantar. “Antes de comer - anuncia ele a seus hóspedes - nós vamos nos divertir um pouco”.

As pessoas ficaram felizes. O mágico apresenta-lhes um número de prestidigitação de primeira linha. 

Os coelhos saltavam das cartolas, echarpes coloridas surgiam do nada, uma coisa se transformava em outra... A platéia estava maravilhada...
Então o mágico lhes pergunta: “Vocês querem jantar agora ou desejariam ver outros truques?”

Todos, unânimes, pedem mais pois eles nunca haviam visto nada igual: comida se tinha em casa, mas eles nunca, em toda a sua vida, haviam vivido nada de tão excitante.

Quando o mágico se metamorfoseia em pombo depois em falcão e, máximo da magia, em dragão, foi um delírio.

Ele novamente lhes faz a mesma pergunta e os cidadãos respondem da mesma forma pois queriam mais. E eles tiveram mais.

Depois ele os pergunta se queriam comer, e eles responderam que sim.

Então o mágico, graças a seus poderes mágicos, os faz crer que eles estavam comendo, desviando as atenções com todo tipo de estratagema.

A comida imaginária e os divertimentos prosseguiram por toda a noite. Quando a aurora se levanta, certas pessoas falaram: “Agora temos que ir trabalhar.”

Então o mágico os fez imaginar que eles voltavam à suas casas, se preparavam para ir ao trabalho e cumpriam efetivamente suas necessidades diárias.

Bem, cada vez que um do seus convidados declarava ter alguma coisa a fazer, o mágico o fazia primeiro acreditar que ele ia fazer, depois que ele havia feito e, finalmente, que ele tinha voltado para casa do mágico.

Este mágico acaba exercendo um tão poderoso domínio sobre os habitantes do vilarejo, que eles só trabalhavam para ele, o mágico, e acreditavam cumprir normalmente suas obrigações diárias. Cada vez que eles ressentiam uma leve inquietude, ele os levava a crer que eles tinham vindo ainda uma vez mais jantar na casa dele e isto os agradava e ao mesmo tempo os fazia esquecer.
E como tudo isto termina?

Acreditem que não posso dizer-vos porque o mágico ainda está muito ocupado no seu papel de  mágico e a maior parte das pessoas estão ainda enfeitiçadas por ele.