25 dezembro 2009

A Situação

"A humanidade está adormecida, preocupada apenas com o inútil, vivendo num mundo errado. Acreditar que podemos excelir nisso é apenas hábito e uso, não é religião. Essa religião é inepta....
Não fique tagarelando diante do Povo do Caminho; antes consuma-se. Você terá um conhecimento e uma religião invertidos se estiver de cabeça para baixo em relação a Realidade.
O homem enrola a rede em torno de si mesmo. Um Leão (um homem do Caminho) despedaça a jaula."

Mestre sufi Sanai, do Afeganistão, professor de Rumi, em O jardim murado da verdade, escrito em 1131 d.C.

14 dezembro 2009

A História de Muskil Gusha

Era uma vez, a menos de mil milhas daqui, um pobre lenhador viúvo que vivia com sua pequena filha. Todos os dias costumava ir às montanhas cortar lenha que trazia para casa e a atava em feixes. Então, depois da primeira refeição, caminhava até o povoado mais próximo, onde vendia a lenha e descansava um pouco antes de voltar para casa. Um dia, ao chegar em casa já muito tarde, a menina lhe disse:

»Pai, às vezes desejo que pudéssemos ter uma comida melhor, com mais fartura e variedade de coisas para comer.«

»Está bem minha filha« falou o velho »amanhã me levantarei mais cedo do que costumo, irei mais alto nas montanhas, onde há mais lenha, e trarei uma quantidade maior que a de costume. Voltarei para casa mais cedo, enfeixarei a lenha mais depressa, e irei ao povoado vendê-la para que possamos ter mais dinheiro. E lhe trarei toda espécie de coisas deliciosas para comer.«

Na manhã seguinte, o lenhador se levantou antes da aurora e partiu para as montanhas. Trabalhou arduamente cortando e empilhando lenha, que amarrou num enorme feixe e carregou nos ombros até sua casa.

Quando chegou em casa, era muito cedo ainda. Colocou sua carga de lenha no chão, atrás da casa, è bateu à porta dizendo:

»Filha, filha, abra a porta, pois tenho fome e sede e preciso comer alguma coisa antes de ir ao mercado.«

Mas a porta estava trancada. O lenhador estava tão cansado que se deitou no chão e logo adormeceu profundamente, ao lado do feixe de lenha.

A menina, tendo esquecido completamente a conversa da noite anterior, ainda dormia. Horas depois, quando o lenhador acordou, o sol já estava alto. Bateu novamente à porta dizendo:

»Filha, filha venha logo. Preciso comer alguma coisa e ir ao mercado vender a lenha, pois já é muito mais tarde do que costumo ir.«

Mas, havendo esquecido completamente a conversa da noite anterior, a menina já havia se levantado, arrumara a casa e saíra para uma caminhada. Trancara a porta supondo, em seu esquecimento, que o pai ainda estivesse no povoado.
Então o lenhador pensou consigo:

»Já é tarde demais para ir ao povoado. Portanto, voltarei às montanhas e cortarei um outro grande feixe de lenha, que trarei para casa e, assim, levarei ao mercado amanhã uma carga dobrada.«

Durante todo aquele dia o velho homem trabalhou arduamente nas montanhas, cortando e enfeixando lenha. Já era noite quando chegou em casa com a lenha nos ombros. Depositou o fardo atrás da casa, bateu à porta e disse:

»Filha, filha, abra a porta pois estou cansado e não comi nada o dia inteiro. Tenho dupla carga de lenha que espero levar amanhã ao mercado. Preciso dormir bem esta noite para recuperar as forças.«

Mas não houve resposta. A menina estava com muito sono ao chegar em casa. Havia preparado sua comida e se deitara. A princípio ficara preocupada com a ausência do pai, mas logo concluiu que ele tinha resolvido passar a noite no povoado.

O lenhador, cansado, faminto e com sede, vendo que não podia entrar em casa, deitou-se mais uma vez ao lado dos fardos de lenha e adormeceu profundamente. Embora preocupado com o que pudesse ter acontecido à sua filha, não conseguiu manter-se acordado.

Na manhã seguinte, devido ao frio, à fome e ao cansaço, o lenhador acordou muito cedo, antes mesmo do dia clarear. Sentou-se e olhou à sua volta, mas não podia ver nada. Aconteceu então uma coisa estranha. O lenhador pensou ouvir uma voz que dizia:

»Depressa! Depressa! Deixa a tua lenha e vem por aqui. Se necessitas muito e desejas o suficiente, terás um alimento delicioso.«

O lenhador se levantou e caminhou em direção à voz. Andou e andou, mas nada encontrou. Já então sentia mais frio, fome e cansaço do que nunca e estava perdido. Estivera cheio de esperança, mas isto não parecia tê-lo ajudado. Ficou triste e sentiu vontade de chorar. Mas percebeu que chorar em nada o ajudaria. Então deitou-se e adormeceu. Logo acordou novamente, pois fazia muito frio e ele sentia demasiada fome para poder dormir. Decidiu então narrar para si mesmo, como se fosse um conto, tudo o que lhe acontecera desde que a filha lhe dissera que desejava um tipo de comida diferente. Assim que terminou sua história, pensou ouvir outra voz, vinda de cima, como se estivesse saindo do amanhecer que dizia:

»Velho homem, que fazes ai sentado?«

»Estou me contando minha própria história« respondeu o lenhador.

»E como é?« perguntou a voz.

O velho repetiu sua narração.

»Muito bem« disse a voz. E então recomendou ao velho lenhador que fechasse os olhos e subisse, como se houvesse um degrau.

»Mas não vejo degrau nenhum« retrucou o velho.

»Não importa. Faça como te digo« ordenou a voz.

O velho fez o que lhe era indicado. Assim que fechou os olhos, encontrou-se de pé, ao levantar o pé direito, sentiu que sob ele havia alguma coisa como um degrau. Começou a subir o que parecia ser uma escada. De repente a escada começou a se mover muito rapidamente, e a voz disse:

»Não abra os olhos até que eu te indique.«

Quase em seguida, a voz mandou que o velho abrisse os olhos. Ao fazê-lo, viu que se encontrava em um lugar que parecia um deserto, com o sol queimante sobre sua cabeça. Estava rodeado por montes e montes de pequenas pedras de todas as cores: vermelhas, verdes, azuis e brancas. Parecia-lhe estar sozinho. Olhou em volta e não viu ninguém. Mas a voz recomeçou a falar.

»Pega tantas pedras quanto puderes« disse »fecha os olhos e desce novamente os degraus.«

O lenhador fez como lhe foi dito. E, quando a voz ordenou que abrisse novamente os olhos, encontrou-se diante da porta de sua própria casa. Bateu à porta e sua filha atendeu. Ela lhe perguntou onde havia estado, e o pai lhe contou o que acontecera, embora a menina mal pudesse entender o que ele dizia, pois tudo lhe parecia muito confuso. Entraram em casa e compartilharam o último alimento que tinham: um punhado de tâmaras secas. Quando terminaram, o velho pensou ouvir uma voz que novamente lhe falava, uma voz exatamente igual àquela que o mandara subir os degraus.

A voz disse:

»Embora não o saibas, foste salvo por Mushkil Gusha. Lembra-te de que Mushkil Gusha está sempre aqui. Assegura-te de que todas as quintas-feiras à noite comerás algumas tâmaras e darás outras a alguma pessoa necessitada, a quem contarás a história de Mushkil Gusha. Ou dê um presente em nome de Mushkil Gusha a alguém que ajude aos necessitados. Faça com que a história de Mushkil Gusha nunca seja esquecida. Se assim o fizeres e se o mesmo for feito por aqueles a quem contares esta história as pessoas que tiverem verdadeira necessidade encontrarão seu caminho.«

O lenhador colocou todas as pedras que trouxera num canto de sua pequena casa. Pareciam muito com simples pedras e ele não soube o que fazer com elas. No dia seguinte levou seus dois enormes feixes de lenha ao mercado e os vendeu facilmente por ótimo preço. Ao voltar para casa, levou para sua filha toda espécie de deliciosas iguarias que ela até então jamais havia provado. E quando acabaram de comer, o velho lenhador falou:

»Agora vou lhe contar toda história de Mushkil Gusha. Mushkil Gusha é o dissipador de todas as dificuldades. Nossas dificuldades foram dissipadas por Mushkil Gusha e devemos sempre lembrar-nos sempre.«

Durante quase uma semana , o velho homem continuou como de costume. Ia às montanhas, trazia lenha, comia alguma coisa, levava a lenha ao mercado e a vendia. Sempre encontrava comprador, sem dificuldades.

Chegou então a quinta feira seguinte e, como é comum entre os homens, o lenhador se esqueceu de repetir a história de Mushkil Gusha. Nessa noite, já tarde, apagou-se o fogo na casa dos vizinhos do lenhador. Os vizinhos não tinham nada com que reacender o fogo. Foram à casa do lenhador e disseram:

»Vizinho, vizinho, por favor dê-nos fogo dessas suas maravilhosas lamparinas que vemos brilhar através da janela.«

»Que lamparinas?« perguntou o lenhador.

»Venha aqui fora e verás« responderam os vizinhos.

Então o lenhador saiu e viu, realmente, quantidade de luzes que, vindas de dentro, brilhavam através de sua janela. Voltou para dentro de sua casa e viu que a luz irradiava do monte de pedras que ele colocara em um canto. Mas os raios de luz eram frios e era impossível usá-los para acender fogo. Tornou então a sair e disse:
»Sinto muito, vizinhos, mas não tenho fogo!« - e bateu lhes a porta na cara.
Os vizinhos ficaram aborrecidos e confusos e voltaram para casa resmungando. Mas aqui eles abandonam nossa história. Rapidamente o lenhador e sua filha cobriram as brilhantes luzes com quantos panos encontraram, com medo de que alguém visse o tesouro que possuíam.

Na manhã seguinte, ao retirarem os panos, descobriram que as pedras eram gemas preciosas e luminosas. Levaram-nas, uma por uma, aos povoados vizinhos, onde as venderam por muito bom preço. O lenhador decidiu, então, construir um esplêndido palácio para ele e sua filha.

Escolheram um lugar justamente em frente ao castelo do rei de seu país. Em muito pouco tempo um magnífico edifício havia tomado forma.
Esse rei tinha uma linda filha que, um dia ao levantar-se de manhã, viu um castelo que parecia de contos de fadas bem em frente ao de seu pai, e ficou muito surpresa. Perguntou a seus servos:

»Quem construiu esse castelo? Que direito tem essa gente de fazer tal coisa tão perto de nossa moradia?«

Os criados saíram e foram investigar. Voltaram e contaram à princesa a história, até onde eles conseguiram averiguar. A princesa mandou chamar a filha do lenhador, pois estava muita zangada com ela mas, quando as duas meninas se conheceram e conversaram, logo se tornaram grandes amigas. Começaram a encontrar-se todos os dias e iam nadar e brincar no regato que fora construído para a princesa por seu pai.

Alguns dias depois do primeiro encontro, a princesa tirou do pescoço um lindo e valioso colar e pendurou-o em uma árvore bem à margem do regato. Esqueceu-se de apanhá-lo ao sair da água e ao chegar em casa, supôs que o tinha perdido. Repensando um pouco, a princesa convenceu-se de que a filha do lenhador havia roubado seu colar. Contou então ao seu pai, que mandou prender o lenhador, confiscou-lhe o castelo e todos os bens que o lenhador possuía. O velho homem foi posto na prisão e sua filha foi internada num orfanato.

Como era costume naquele país, depois de certo tempo, o lenhador foi retirado do calabouço e levado para praça pública, acorrentado a um poste, com um cartaz dependurado no pescoço. No cartaz estava escrito: »Isto é o que acontece àqueles que roubam dos Reis.«

A princípio as pessoas se juntavam em volta dele escarnecendo e atirando-lhe coisas. Ele se sentia muito infeliz. Logo porém, como é comum entre os homens, todos se acostumaram a ver o velho ali sentado junto ao poste e quase nem reparavam nele. Ás vezes atiravam-lhe restos de comida e às vezes nem isso faziam.

Um dia ele ouviu alguém dizer que era tarde de quinta feira. De súbito veio-lhe à mente o pensamento de que logo seria a noite de Mushkil Gusha, o Dissipador de Todas as Dificuldades, de quem ele havia esquecido de comemorar já fazia muito tempo. No mesmo instante em que este pensamento lhe chegou à mente, um homem caridoso que por ali passava, atirou-lhe uma pequena moeda. O lenhador chamou-o:
»Generoso amigo, você me deu dinheiro, que para nada me serve. Se, no entanto, sua generosidade for tanta para comprar uma ou duas tâmaras e vir sentar-se para comê-las comigo, eu lhe ficaria eternamente grato.«

O homem foi e comprou algumas tâmaras. Sentaram-se e comeram-nas juntos. Quando terminaram, o lenhador contou-lhe a história de Mushkil Gusha.
»Acho que você deve estar louco« disse o homem generoso.
Mas era uma pessoa bondosa que, por sua vez, enfrentava muitas dificuldades. Ao chegar em casa, naquela noite, verificou que todos os seus problemas haviam desaparecido. E isto fez com que começasse a pensar muito a respeito de Mushkil Gusha, mas aqui ele abandona nossa história.

Logo na manhã seguinte, a princesa voltou ao lugar onde se banhava. Quando ia entrar na água, viu algo que parecia ser o seu colar deitado no fundo do regato. No momento em que ia mergulhar para tentar recuperá-lo, espirrou, voltando sua cabeça para trás, viu então que o que tomara por seu colar era apenas seu reflexo na água. O colar estava pendurado no galho de árvore, onde o deixara havia muito tempo. Apanhando o colar a princesa correu à presença de seu pai e contou-lhe o que acontecera. O rei ordenou que o lenhador fosse colocado em liberdade e que lhe fossem apresentadas desculpas públicas. A menina foi trazida do orfanato e todos viveram felizes para sempre.

Estes são alguns dos incidentes da história de Mushkil Gusha. É um conto muito longo e que nunca termina. Tem muitas formas e algumas nem mesmo são chamadas de história de Mushkil Gusha e, por esse motivo, as pessoas não a reconhecem. Mas, é por causa de Mushkil Gusha que sua história, em qualquer de suas formas, é lembrada por alguém, em algum lugar do mundo, dia e noite, onde quer que haja pessoas. Assim como sua história tem sempre sido contada, continuará o sendo para sempre.
Você quer repetir a história de Mushkil Gusha nas noites de quinta-feira e assim ajudar ao trabalho de Mushkil Gusha?

A Princesa Obstinada

Um certo rei acreditava que o correto era o que lhe haviam ensinado e aquilo que pensava. Sob muitos aspectos era um homem justo, mas também uma pessoa de idéias limitadas.
Um dia reuniu suas três filhas e lhes disse:
- Tudo o que tenho é de vocês, ou será no futuro. Por meu intermédio vieram a este mundo. Minha vontade é o que determina o futuro de vocês três, e portanto o seu destino.
Obedientes e persuadidas da verdade enunciada pelo pai, duas das moças concordaram. Mas a terceira retrucou:
- Embora a minha posição me obrigue a acatar as leis, não posso acreditar que meu destino deva ser sempre determinado por suas opiniões.
- Isto é o que veremos – disse o rei.
Ordenou que prendessem a jovem numa pequena cela, onde ela pensou durante alguns anos. Enquanto isso o rei e suas duas filhas submissas dilapidaram bem depressa as riquezas que de outro modo também seriam gastas com a princesa prisioneira.
O rei disse para si mesmo:
“Essa moça está encarcerada não por vontade própria, mas sim pela minha. Isto vem provar, de maneira cabal para qualquer mentalidade lógica, que é a minha vontade e não a dela que está determinado seu destino”.
Os habitantes do reino, inteirados da situação de sua princesa, comentaram:
- Ela deve ter feito ou dito algo realmente grave para que um monarca, no qual não descobrimos nenhuma falha, trate assim a sua própria filha, semente viva de seu sangue.
Mas ainda não haviam chegado ao ponto de sentir aa necessidade de contestar a pretensão do rei de se sempre justo e correto em todos os seus atos.
De tempos em tempos o rei ia visitar a moça. Conquanto pálida e debilitada pelo longo encarceramento, ela se obstinava em sua atitude.
Finalmente a paciência do rei chegou a seu derradeiro limite:
- Seu persistente desafio – disse à filha – só servirá para me aborrecer ainda mais, e aparentemente enfraquecerá meus direitos caso você permaneça em meus domínios. Eu poderia matá-la, mas sou magnânimo. Assim, me limitarei a desterrá-la para o destino que faz divisa com meu reino. É uma região inóspita, povoada somente por animais selvagens e proscritos excêntricos, incapazes de sobreviver em nossa sociedade racional. Ali logo descobrirá se pode levar outra existência diferente daquela vivida no seio de sua família; e se a encontrar, veremos se a preferirá à que conheceu aqui.
O decreto real foi prontamente acatado, e a princesa conduzida à fronteira do reino. A moça logo se encontrou num território selvagem e que guardava uma semelhança mínima com o ambiente protetor em que havia crescido. Mas bem depressa ela percebeu que uma caverna podia servir de casa, que nozes e frutas provinham tanto de árvores como de pratos de ouro, que o calor provinha do Sol. aquela região tinha um clima e uma maneira de existir próprios.
Depois de algum tempo ela já conseguira organizar sua vida tão bem que obtinha água de mananciais, legumes da terra cultivada e fogo de uma árvore que ardia sem chamas.
“Aqui”, murmurou para si própria a princesa desterrada, “há uma vida cujos elementos se integram, formando uma unidade, mas nem individual ou coletivamente obedecem às ordens de meu pai, o rei”.
Certo dia um viajante perdido, casualmente um homem muito rico e ilustre, encontrou a princesa exilada, enamorou-se dela e a levou para seu país, onde se casaram.
Passando algum tempo os dois decidiram voltar ao deserto, onde construíram uma enorme e próspera cidade. Ali, sua sabedoria, recursos próprios e sua fé se expandiram plenamente. Os ‘excêntricos” e outros banidos, muitos deles tidos como loucos, harmonizaram-se plena e proveitosamente com aquela existência de múltiplas facetas.
A cidade e a campina que a circundava se tornaram conhecidas em todo mundo. Em pouco tempo eclipsara amplamente em progresso e beleza o reino do pai da princesa obstinada.
Por decisão unânime da população local, a princesa e seu marido foram escolhidos como soberano daquele novo reino ideal.
Finalmente o pai da princesa obstinada resolveu conhecer de perto o estranho e misterioso lugar que brotara do antigo deserto, povoado, pelo menos em parte, por aquelas criaturas que ele e os que lhe faziam coro desprezavam.
Quando, de cabeça baixa, ele se acercou dos pés do trono onde o jovem casal estava sentado e ergueu seus olhos para encontrar os daquela soberana, cuja fama de justiça, prosperidade e discernimento supera em muito o seu renome, pôde captar as palavras murmuradas por sua filha:
- Como pode ver, pai, cada homem e cada mulher têm seu próprio destino e fazem sua própria escolha.