17 setembro 2018

Os artistas chineses e gregos


Os chineses e os gregos discutiam diante do Sultão qual deles era o povo que melhor manifestava o Dom da pintura, e, para decidir a disputa, o Sultão destinou uma casa para cada um fazer seu trabalho.

Os chineses compraram todo tipo de tintas e coloriram sua casa do modo mais elaborado possível. Os gregos, por seu lado, não usaram nenhuma cor, mas contentaram-se em limpar as paredes de sua casa de toda a sujeira e a lustrá-las até que estivessem muito limpas e brilhantes.

Quando as duas casas foram oferecidas para a inspeção do Sultão, a que fora pintada pelos chineses foi muito admirada e elogiada, mas a casa grega ganhou prêmio, pois todas as cores da casa chinesa refletiam-se nas suas paredes e apareciam nesta, com infindável variedade de cores e matizes.

Como o mal gera o mal


Um eremita caminhava por um lugar deserto quando chegou a uma gruta enorme cuja entrada não era facilmente visível. Decidiu descansar e entrou. Logo notou o brilhante reflexo da luz sobre um monte de ouro.
          Assim que se deu conta do que tinha visto, o eremita começou a correr, fugindo o mais depressa que pôde.
          Aconteceu que havia três ladrões que passavam muito tempo naquele ponto do deserto com a intenção de roubar viajantes. Logo o homem piedoso passou por eles. Os ladrões se surpreenderam, alarmando-se até, vendo o homem correndo sem que ninguém o perseguisse. Sairam do seu esconderijo e detiveram-no, perguntando-lhe o que estava acontecendo.
          - Estou fugindo do diabo, irmãos – disse. – Ele está me perseguindo.
          Os bandidos não conseguiam ver ninguém perseguindo o devoto.
          - Mostra-nos quem está atrás de ti – disseram.
          - Eu o farei – falou o eremita, com medo deles.
          Levou-os em direção a gruta, rogando-lhes que não se aproximassem dela. A essa altura, naturalmente, os ladrões estavam muito curiosos com a advertência e insistiram em ver o motivo de tanto alarme.
          - Aqui está a morte que me perseguia – disse o ermitão.
          Os malfeitores, é claro, ficaram encantados. Evidentemente consideraram o eremita meio louco e o deixaram ir, enquanto se felicitavam por sua boa sorte.
          Em seguida começaram a discutir sobre o que deveriam fazer com sua presa, pois tinham receio de deixar o tesouro novamente só. Decidiram por fim que um deles apanharia um pouco de ouro, iria à cidade, onde o trocaria por comida e outras coisas necessárias, e depois procederiam à divisão.
          Um dos ladrões se apresentou voluntariamente para realizar a missão. Pensou consigo mesmo:
          ‘Quando chegar à cidade poderei comer tudo o que quiser.
Depois envenenarei o resto da comida. Assim os outros dois morrerão, e o tesouro será só meu’.
          Na sua ausência, porém, os outros dois também tinham estado pensando.
          Tinham decidido que, mal o espertalhão regressasse, o matariam. Depois comeriam sua comida e dividiriam o tesouro em duas partes, em vez de três.
          No momento em que o pilantra chegou à gruta com as provisões, os outros dois caíram sobre ele e, a punhaladas, o mataram. A seguir comeram toda a comida, e morreram por causa do veneno que seu companheiro havia posto nela.
          Dessa maneira, como o eremita predissera, o ouro realmente tinha significado a morte para os que tinham deixado se influenciar por ele, e o tesouro permaneceu onde estava, na gruta, por muito tempo.