01 agosto 2013

Na rua dos Perfumistas!


Um varredor, enquanto caminhava pela rua onde havia muitas perfumarias, caiu de repente ao solo como morto. Transeuntes procuraram reanimá-lo com deliciosos aromas, mas só conseguiram faze-lo piorar.

Por fim apareceu ali um ex-varredor, que compreendeu logo a situação. Manteve sob as narinas do homem caído algo de muito sujo e o varredor logo se recuperou, exclamando:

- Isto sim é que é perfume!!

Devem todos preparar-se para a fase de transição em que não haverá nenhuma das coisas a que estão acostumados. Após a morte, vossa identidade deverá responder a estímulos sobre os quais tendes oportunidade de indagar aqui.

Se permanecerem aferrados às poucas coisas que lhes são familiares, isto só os fará infelizes, como o varredor sobre o qual o aroma de perfume não fez efeito, na rua dos perfumistas.

A parábola fala por si mesma. Ghazali a utiliza em "A Alquimia da Felicidade", escrita no século XI, para enfatizar o ensinamento sufi de que somente algumas das coisas cuja existência nos é familiar tem afinidades com a "outra dimensão".


Extraído de
'Histórias dos Dervixes'
Idries Shah
Nova Fronteira 1976

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