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01 setembro 2007

Dois Contos de Nasrudin

AS ARMAS DO MULLÁ

Mullá Nasrudin iniciou uma viagem até terras distantes, motivo pelo qual conseguiu uma espada e uma lança. No caminho, um bandido cuja única arma era um bastão, se lançou sobre ele e roubou seus pertences.

Quando chegou a cidade mais próxima, O Mullá contou sua desgraça a seus amigos, que lhe
perguntaram como ele, armado com uma espada e uma lança, não havia podido dominar a um ladrão armado com um modesto bastão.

Ele replicou: O problema foi precisamente que eu tinha as duas mãos ocupadas, uma com uma espada e a outra com uma lança. Como crêem vocês que poderia eu sair vitorioso?

A interpretação desta história se mostra evidente ao conhecer outra acerca do erudito.

O ERUDITO

Mullá Nasrudin conseguiu trabalho como barqueiro. Certo dia, transportando a um erudito, o homem lhe pregunta:

- Você conhece a gramática?

- Não, em absoluto – responde Nasrudin.

- Bem permita dizer-lhe que você perdeu a metade de sua vida – replica com desden o erudito.

Pouco depois, o vento começa a soprar e a barca está a ponto de ser tragada pelas ondas. Justo antes de ir a pique, O Mullá pregunta a seu passageiro: - Você sabe nadar?

- Não! - responde aterrorizado, o erudito.

-Bem, permita-me dizer que você perdeu toda a sua vida!

Esta segunda história se relaciona diretamente com a anterior.

Nos diz: De que serve ter um conhecimento se não sabemos aplicá-lo a realidade? Em outras palavras de que serve nos amarmos de um saber inútil? Depois de haver lido ambas as histórias me pergunto: Que é? De que falo? É necessário instruir-se? Se é importante fazê-lo, porém temos de indagar de que serve o conhecimento adquirido e saber desfazermos do que é inútil. Por minha parte prefiro utilizar o conhecimento para desenvolver uma técnica pessoal que conheça a fundo e se aplique a realidade, em vez de colecionar milhões de conhecimento que nunca são aplicados.
De que servem todas as teorias sobre a sexualidade, o amor, o bem, a oração, ...., se jamais a aplicou?

É como esconder-se atrás deste saber, para não fazer nada.

Extraído do Livro: "Cuentos de Nasrudin" de Idries Shah

29 agosto 2007

Nasrudin - O Papagaio e o Corvo

Numa linda manhã de domingo, Mulla Nasrudin passeava no mercado.

Qual não foi sua surpresa ao deparar com seu amigo Yussuf: este segurava uma gaiola com um pequeno papagaio, cujo preço de venda era três peças de ouro!

Escandalizado, o Mulla gritou:

-- Yussuf, como se atreve a pedir tal soma por um mísero papagaio?

Yussuf encarou Nasrudin severamente e disse:

-- Fique sabendo, Mullá, que eu peço um preço justo. Este não é um pássaro qualquer: ele fala!

Sem saber o que responder, Mullá seguiu seu caminho.

Uma hora mais tarde, grande foi a surpresa de Yussuf quando viu seu amigo Mullá instalar--se ao seu lado, trazendo uma gaiola com um velho corvo.
Pregado à gaiola, um letreiro anunciava o preço: doze peças de ouro!

-- Ladrão! Escroque! -- gritou Yussuf, vermelho de raiva.
-- Você não tem vergonha de pedir um preço desses por um velho corvo depenado?

-- Não -- respondeu calmamente Mullá Nasrudin. -- É verdade que é um corvo velho, é verdade que ele não fala, mas este não é um pássaro qualquer: ele pensa!

30 julho 2006

Como Nasrudin criou a verdade

"Estas leis não tornam melhores as pessoas", disse Nasrudin ao Rei; "elas devem praticar certas coisas de forma a se sintonizarem com a verdade interior, que se assemelha apenas levemente à verdade aparente.

"O Rei decidiu que poderia fazer que as pessoas observassem a verdade - e o faria. Ele poderia fazê-las praticar a autenticidade. O acesso a cidade era feito por uma ponte, sobre a qual o Rei ordenou que fosse construida uma forca.

Quando os portões foram abertos ao alvorecer do dia seguinte, o Capitão da Guarda estava postado frente ao pelotão para averiguar todos que por ali entrassem. Um édito foi proclamado: "Todos serão interrogados. Aquele que falar a verdade terá seu ingresso permitido. Se mentir será enforcado”.

Nasrudin deu um passo à frente."Aonde vai?" perguntou o Capitão da Guarda

"Estou a caminho da forca", respondeu Nasrudin calmamente.

"Não acreditamos em você!"

"Muito bem, se estiver mentindo, enforquem-me!"

"Mas se o enforcarmos por mentir, faremos com que aquilo que disse seja verdade!"

"Isso mesmo: agora sabem o que é a verdade: a sua verdade!"

Extraído do livro"Histórias de Nasrudin"
Edições Dervish